quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Crónicas dos Açores - Episódio 2

Acordar com o mar a poucos metros foi uma sensação especial, até porque a diferença horária (que me esquecera de incluir no relógio) me fez chegar à varanda demasiado cedo, já com sol mas ainda no silêncio de uma aldeia que dorme. Avizinhava-se um dia fantástico, e assim foi.
Depois de um pequeno-almoço de lorde (mais uma vez obrigado Helena e Márcio), segui para Angra para entregar um último livro a alguém que não pudera estar na véspera, e parti à descoberta da Terceira.
A primeira paragem foi o Monte Brasil, de onde se avista Angra como de nenhum outro sítio; depois veio Santa Bárbara, o pico mais alto da ilha; e por fim as piscinas dos Biscoitos, para um banho revigorante antes de voar para o Faial. Foi um dia descontraído, sem dúvida, numa ilha maravilhosa.

Ao embarcar no Dash Q400 da Sata, o maior dos aviões que voa entre-ilhas, invadia-me uma certa "tranquilidade inquieta": por um lado tinha sido maravilhosamente recebido ali (o jantar na marina de Angra - com todas as iguarias da terra e histórias sem fim - oferecido pelo IAC, no final da apresentação, era disso um claro exemplo!), mas por outro faltavam 8 ilhas, com os seus contextos diferentes, algumas com incertezas absolutas até quanto ao lugar da apresentação!...  Bem, pensei ao recostar-me para a descolagem, tudo há-de correr pelo melhor, e quanto às incertezas havemos de as resolver uma a uma! 

Era tempo de me concentrar na próxima apresentação, em apenas quatro horas, no mítico Peter Café Sport, na Horta (Faial)... e tempo de bater uma sesta!

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Crónicas dos Açores - Episódio 1

Passavam já quase vinte minutos da hora marcada quando cheguei ao Instituto Açoriano de Cultura (IAC), em Angra de Heroísmo. Depois de quase cinco horas à espera em Lisboa, de onde saímos com um ligeiro atraso, de ver o tempo a escorrer-se até aterrarmos nas Lajes (Terceira), de esperar pela minha vez (que nunca mais chegava) para levantar o carro na Autatlantis e de seguir rumo à via rápida que atravessa a ilha, meio a voar... estava atrasado, nada a fazer, e naquela altura a solução era estacionar, pedir desculpa à pessoas e começar a apresentação.
Foi no meio deste meu frenesim ocidentalizado de escravatura do tempo que, ao entrar na sala, ouvi a primeira piada de muitas, que me foram recordando que ali a vida era diferente: "Ui, homem, só de olhar para si aí a correr até já estamos cansados!...". Pois...

Escusado será dizer que a apresentação foi fantástica, que fui muito bem acolhido, que me fizeram milhentas perguntas e que tivemos ali um memorável momento de partilha! Saí do IAC com uma sensação reconfortante do tipo "agora é que é a sério!", ainda mais porque esta apresentação tinha sido "fechada" dias antes, numa correria de contactos e pistas que tantos me foram dando! Obrigado também Burra de Milho pela ajuda, e a todos os que me fizeram ali chegar!
Era tempo de descansar o corpo, de enxaguar o cansaço de um dia passado em viagem, aproveitando a gentileza de quem, ali, me acolheu de forma espontânea... obrigado Helena e Márcio, por me acolherem tão bem!


terça-feira, 11 de agosto de 2015

Crónicas dos Açores - Episódio 0

Quando escrevi o Pé Descalço queria levá-lo a muitos, para que as ideias por trás da viagem pudessem ajudar as pessoas a levantar voo. Queria, e quero!

Como não sou o José Rodrigues dos Santos, não basta editar e ir à televisão e rádio, é preciso fazer estrada, conhecer pessoas e partilhar a história, num exercício de proximidade que tem tanto de fantástico como de cansativo, que provoca euforia, alegria e muitos sorrisos, mas também dúvidas e desespero, em alguns momentos. Foi assim um pouco por todo o lado, com apresentações cheias de gente ou com dois ou três, com surpresas em locais inimaginados mas gente boa em todo o lado. Os Açores não foram excepção: foram dias muito intensos, que alguém disse já merecerem um livro, por si só...

Um livro não será, mas as crónicas aqui estão, para que muitos possam "sentir" esta viagem comigo, para que possam desfrutar da sensação de encontrar paz e gente fantástica em todo o lado, obstáculo após obstáculo.
Bem-vindos às Crónicas dos Açores!