domingo, 24 de agosto de 2014

Dia 8 - Antuérpia, um dia de descanso, passeio e partilha (excerto do primeiro esboço do livro!)

As compras no Lidl foram muito parecidas com as nossas por cá, excepto no facto de eles não terem carrinhos nem cestinhos: na prática agarra-se numa caixa de cartão vazia que esteja à mão e pronto, colocam-se as coisas lá dentro e reza-se para que não se desfaça. Muito estranho!... 
Foi de caixa em punho que parti à descoberta do que seria o jantar, num processo que o meu miúdo mais novo adora: “Estás a escolher ao calhas?!”, pergunta ele ao ver-me tirar coisas das prateleiras por impulso, como que por inspiração, de uma forma aparentemente aleatória. “Não”, respondo, “estou a deixar a imaginação fluir, até porque ao olhar para os ingredientes percebes se são frescos e vais construindo os pratos com base nisso também!”. Não, não sou nenhum Gordon Ramsay ou Jamie Oliver, mas gosto de inventar na cozinha e de construir os pratos por impulso e feeling mais do que por receitas. Tipicamente ou resulta muito bem ou... enfim, esqueçam. Neste caso fui observando o que poderia usar para uma sopa fora do espectro das sopas enlatadas que Bianca usava, e os espinafres “saltaram ao olhos”. Cenouras, batata, cebola, alface, alho e arroz completaram as compras, com a proteína a ficar a cargo de uns bifes de perú. Bianca confiou simplesmente em mim, juntou algumas coisas que precisava, e em menos de quinze minutos estávamos outra vez à chuva (agora miúda) a caminho de casa. A colega dela chegaria entretanto, pelo que fui adiantando o jantar para termos oportunidade de conversar. Fiz uma sopa de espinafres (com puré à base de batata, cenoura e cebola), tão simples que até parecia mal, e para completar a refeição salteei a carne de perú (strogonoff sem natas e com pouco ou nenhum azeite), com vários temperos que juntei por instinto, como sempre, acompanhando com arroz e uma salada de alface fresca. Muito dirão que é tudo menos comida gourmet, mas têm que admitir que é muito próximo da nossa forma portuguesa de cozinhar e, convenhamos, face a um arsenal de conservas até parecia gourmet! Quando a colega dela chegou o jantar estava em “roda livre”, com tudo a cozinhar calmamente e o cheirinho da comida a encher a casa. Raro, por ali!
NOTA: este texto é apenas um excerto do primeiro esboço do livro, não o texto final. 

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