quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Dia 6 - De Malmo a Travemunde, já na Alemanha (excerto do primeiro esboço do livro!)

" Acabei por voltar ao piso 6 do ferryboat, que agora estava deserto, e decidi espreitar a sauna (coisa que nunca havia experimentado!). Apercebi-me nessa altura que, ao contrário do que eu pensara, a sauna estava a funcionar e era gratuita! E, além disso, descobri que havia um balneário com CHUVEIROS!! E eu sem tomar banho há mais de um dia e com o corpo cansado e “melado” de um dia a correr com a tenda às costas e a suar que nem um bicho!! Voltei ao piso 4, peguei nas minha coisas e corri literalmente para o balneário. Despachei toda a roupa suja para o saco respectivo, preparei uma muda de roupa lavada, guardei tudo no cacifo e parti à descoberta da sauna... foi óptimo! Depois de destilar uns bons dez minutos tomei um duche ligeiro e voltei à sauna, para ter a certeza que o meu corpo aproveitava o memento! O passo seguinte foi um duche a sério, com o meu sabão azul a fazer com que me sentisse o homem mais limpo do mundo! Como aquilo era bom: água quente e fria à descrição, sabãozinho a fazer espuma e uma muda de roupa prontinha à minha espera! Estava no céu! Escusado será dizer que passei cerca de uma hora neste ritual todo, e quando voltei por fim ao piso 4 despachei as últimas bolachas, acomodei as minhas coisas, peguei na almofada insuflável e no saco cama (foi a primeira vez que os usei) e caí redondo a dormir no sofá da sala de convívio."

NOTA: este texto é apenas um excerto do primeiro esboço do livro, não o texto final. 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Dia 5 - de Estocolmo a Malmo (excerto do primeiro esboço do livro!)


"Acordei num quarto quente... uau, que sensação deslumbrante! Nesta altura já tinha descoberto quão grandioso este facto pode ser, por isso o meu dia não podia começar melhor! Mas podia...
Ao subir à sala de jantar deparei-me com a mesa de pequeno-almoço repleta de coisas boas: pão deste tipo e daquele, pacotes de litro de iogurte deste e daquele sabor (blueberry, sem dúvida o melhor!!), manteiga, queijo, caviar em bisnaga, e aquela vista fabulosa que agora se enxergava em pleno (ao contrário do vislumbre que tivera ao jantar)"

NOTA: este texto é apenas um excerto do primeiro esboço do livro, não o texto final.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Dia 4 - Em Estocolmo (excerto do primeiro esboço do livro!)


"Esperavam-me Niclas e as meninas, que apenas conhecia do facebook, um lar quente, moderno e acolhedor e umas “sandochas” gigantes, DELICIOSAS! Ah, e no andar de baixo um quarto com uma cama só para mim, e um chuveiro... com chão aquecido! Foi talvez o duche mais maravilhoso da minha vida, e aqui se começou a desenhar uma das principais conclusões desta viagem: já temos muito mais do que pensamos! Nem nos apercebemos, mas um simples duche quente que tomamos como algo adquirido na nossa sociedade, é uma coisa MARAVILHOSA! Só quando perdemos a possibilidade de o tomar é que entendemos verdadeiramente o dom que representa, e asseguro-vos: tomar banho será sempre, daqui em diante, um acto de consciente alegria e regozijo! Viva o duche de água quente!!!"

NOTA: este texto é apenas um excerto do primeiro esboço do livro, não o texto final.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Dia 3, de Skelleftea a Estocolmo (excerto do primeiro esboço do livro!)

"Pi-pi, pi-pi, pi-pi... são duas da manhã!, como que sussurra o meu relógio. Dei um salto na cadeira, peguei na mochila e afins e fui até à gare exterior, onde o comboio chegaria em cinco minutos. Ah, já referi que estava frio?... Pois bem, os cinco minutos de espera foram a situação fisicamente mais extrema que passei na viagem, ou melhor, na minha vida! Se durante o dia tinham estado -20ºC e a temperatura já era bem mais baixa quando tinha estado à espera do Y-bus, agora estava mesmo mesmo mesmo MUITO frio... cerca -30ºC, estimei na altura. Em um minuto tremia como varas verdes, pelo que decidi andar pela gare em passo bem acelerado para aquecer. Foi em vão: quando o comboio chegou eu sentia-me fisicamente muito estranho e encolhia conscientemente a língua para não me cortar tal a violência com que batia descontroladamente os dentes! Nunca sentira nada parecido, não sei se estava em hipotermia ou só lá perto, mas que era algo assustadoramente novo, era! Procurei o revisor e tentei explicar-lhe a história, mas foi uma tentativa no mínimo hilariante: eu tentei falar, sim, mas não consegui articular as palavras direitas, só batia os dentes! Ele lá percebeu que eu queria ir para Estocolmo mas que não tinha bilhete nem dinheiro, pelo que me explicou que assim não podia embarcar, mas eu não estava disposto a desistir: dizem que é quando estamos no limite que a nossa verdadeira força se solta, pelo que pedi outra vez que me deixasse seguir viagem! Pedi, simplesmente: já não se tratava de contar a história ou de ele gostar do projecto, tratava-se de eu sobreviver e sair dali ao mesmo tempo, que era o que mais queria! Talvez por me ver naquele estado, ou por me ver tão determinado a ultrapassar aquela situação, o revisor mudou de ideias: mandou-me entrar, disse-me para procurar um lugar vazio e explicou que passaria para falar comigo depois... Se passou ou não não sei: sei apenas que encontrei dois bancos livres, poisei as minhas coisas, tirei umas fotos, tomei umas notas no caderno, cobri-me com o saco-cama e encaixei-me meio torcido entre a janela (e o aquecimento por baixo dela) e o apoio de braço... Adormeci em poucos minutos."

NOTA: este texto é apenas um excerto do primeiro esboço do livro, não o texto final.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Dia 2, chegada a Skelleftea (excerto do primeiro esboço do livro!)



"Fui à procura de uma solução para almoçar, que a fome apertava e Nestum não era almoço digno. Comecei por propor na cantina da universidade umas horas de trabalho em troca de uma refeição... não. Aliás, “não” era uma palavra que me acompanharia durante a viagem, à qual há muito aprendera a resistir e a ultrapassar com uma simples palavra inglesa, “next!” (próximo!), pelo que atravessei novamente a ponte e decidi fazer a mesma proposta em restaurantes da cidade. 

Comecei por fazê-lo num restaurante de sandes: “Olá, chamo-me Ricardo, sou de Portugal e estou a fazer um projecto... blá, blá, blá (como vocês já sabem). É possível trabalhar aqui uma ou duas horas em troca de uma refeição?”. 
A menina simpática que me recebeu pediu que explicasse outra vez, conferenciou com a colega em sueco, e acabou por me explicar que não podiam aceitar... podiam era dar-me uma sandes, se eu achasse bem! “Por mim pode ser!”, e foi quase a babar-me que a vi encher um pão enorme de tudo o que havia na bancada!!! Sim, ter apenas uma refeição de Nestum na mala muda a forma como vemos o mundo, faz-nos sentir MESMO o que significa não ter o que comer, não saber o que se vai comer... Passa a ser algo real e muito palpável, pelo menos para mim passou, e levou-me a olhar para a minha vida e a agradecer tudo o que tenho e que assumo como garantido de uma forma diferente, com uma gratidão real e profunda! E já agora, a agradecer às meninas simpáticas que ali me ajudaram como não imaginam!!"

NOTA: este texto é apenas um excerto do primeiro esboço do livro, não o texto final... É só para aguçar a curiosidade! 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Dia 1 (excerto do primeiro esboço do livro!)


Eram 3:30 quando o relógio despertou freneticamente, relembrando a hora de zarpar. O corpo lá respondeu, que depois de meia-hora de sono ainda nem tinha arrefecido, e a mente começou a processar todos os detalhes, tarefas e coisinhas que a fazer antes de sair. Estava na hora, a grande viagem estava a começar.
Pequeno-almoço tomado, tralha reverificada, mochila às costas, casaco e calças de bolsos cheios (que a Ryanair a isso obriga), e lá seguimos para o aeroporto. O sono ainda pesava aos miúdos, que pelo caminho foram dormitando, mas não a mim: cá dentro sentia bem forte que agora era o dia e a hora da aventura que mudaria as nossas vidas, o dia e a hora em que passaria da teoria à acção, era HOJE. E se por um lado o entusiasmo era indescritível, por outro lado confrontava-me pela primeira vez com a real dimensão do que me propusera fazer, com a adrenalina de ver chegada a hora do tudo ou nada. Ao sair de casa, colocando a mochila no carro, sabia que desse por onde desse chegaria de volta são e salvo, isso não me preocupava: a questão era “Como?...”. Essa questão, porém, ocupou-me a mente só ao de leve, pois no fundo o que importa é o que vamos fazer, o como acaba por surgir, como se de um GPS se tratasse: dizes-lhe o destino e o percurso aparece. Como tudo isto é uma certeza para mim decidi concentrar-me no objectivo e pronto: voar para Skelleftea, no norte da Suécia e voltar inteiro, sem computador, telemóvel ou dinheiro!

NOTA: este texto é apenas um excerto do primeiro esboço do livro, não o texto final... É só para aguçar a curiosidade!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Quase um ano depois!...

Há um ano atrás o meu quarto tinha o aspecto desta imagem da capa, eu andava numa correria e preparava-me para uma das maiores aventuras da minha vida.

Hoje, com o livro quase terminado, o desafio é diferente: escrever, rever, editar, corrigir, publicar, publicitar, fazer chegar ao grande público, encontrar editora interessada em publicar cá e em todo o mundo... tudo coisas pequenas e fáceis, que nada puxam pelo me engenho!

Agradeço a todos os que me têm apoiado e incentivado para levar o projecto a bom porto, e agradeço os feedback positivos que tenho tido de quem leu já um pouco do livro... ESTOU QUASE LÁ!

Para relembrar esta viagem mítica vou lançar uma foto por dia, com um pequeno excerto do dia em causa... para aguçar o apetite! Boas leituras!!