segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O que faz um prato de dobrada!

Paris é uma cidade especial, lindíssima, portentosa, vasta e diversa, mas ainda assim o pináculo da forma como os franceses tendem a ver a vida, a preto e branco. Nao me interpretem mal, tem a ver com "tem bilhete ou nao tem bilhete?", ou com "tem como pagar ou nao?": para eles ou é ou ao é, pronto! Por nao ter consciencia disso passei 2 dias e meio às voltas em Paris, encalhado. E foi nestas circunstâncias que tive uma das mais poderosas ecperiências da viagem.

Como devem imaginar, ao terceiro dia encalhado (17 negas em comboios e bilheteiras, trabalho nem vê-lo e um dia a tentar apanhar boleia para fora da cidade sem sucesso, uma noite numa arrecadaçao de um hotel e outra a aproximar-se sem local para dormir) a minha mente começou a exigir que a "alimentasse" de forma clara com auto-conversa positiva para manter o nível de concetraçao em cima durante todo o sábado. Foi neste contexto que dou de caras com um restaurante português, na zona de Gentilly.
"FIXE!!", pensei! Entrei e pedi trabalho... nao dava, poderia tentar no outro restaurante mais acima... Ok, disse, e já tinha a mochila às costas quando a D.a Fernanda me perguntou "Olha lá, mas tu almoçaste hoje?", "Eu nao...", "Entao senta-te aí e come connosco! Haá dobrada!!", "Mas eu nao tenho como pagar!...", "Nós oferecemos!! anda daí, senta-te que já te trago o prato!".
A sensaçao foi de indescritível alegria... Além da delicia que estava a fome que ja remoia ha um dia tratou do resto, e comi ate a ultima gota de molho! Mas nao ficou por aqui!

Subindo a rua, na pastelaria portuguesa, a D.a Eugénia, que nao tinha trabalho para mim, enfiou-me dois pastéis de nata e um pao de chocolate no saco, e no restaurante seguinte, mesmo sem trabalho para me dar, sugeriram que passasse na igreja mais acima na rua, que era da comunidade portuguesa (a fachada é a da foto).

Tudo isto arrumou com a minha compustura, e dei por mim quase a chorar sozinho na rua. O abraço que aquela gente me tinha dado, sem me conhecer, mexeu imenso comigo... foi encantador, sem dúvida, mas ao final de 10 dias a aguentar a pressao foi demolidor. Lembrei-me entao de uma coisa que o meu padrinho (pe Joao Mónica, que já nao está connosco) me tinha dito uma vez: "quando estiveres a rasca e precisares de desabafar arranjar um padre, normalmente tem paciencia e podem ser dar-te um abraco amigo!"... Assim fiz.

No final da missa passei pela sacristia, e foi com muita emoçao que "despejei o saco" com o pe. JOsé anastácio, madeirense, que muita paciencia teve para me ouvir! E, imaginem, no final ainda me ofereceu o jantar la em casa e o chao da sala para eu dormir!! Foi indescritível!!!

Por tudo isto senti que devia agradecer a toda aquela comunidade, e no final da missa (no domingo) lá subi ao "palanque" para contar o que estava a fazer e agradecer a forma como fui acolhido. Pois, imaginem, nao só me brindaram com uma salva de palmas como, de repente e assim do nada, todos queriam saber mais e acabei com dinheiro no bolso para chegar quase a Portugal!!!

No fim do dia, quando apanhei o comboio, o meu coraçao estava radiante: Paris havia sido demolidor, primeiro, para se tornar um evento revelador do que uma comunidade unida pode fazer, consegue fazer... Obrigado, comunidade portuguesa de Gentilly, obrigado pe. Zé!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A Vida e Bela!!

E o titulo de um filme, mas mais do que isso e a mais sublime sensacao que me parece que um ser humano pode almejar!

Estou a viajar ha 8 dias. Comecei no norte da Suecia, sem dinheiro, sem computador e sem telefone, so eu, a mochila, maquina fotografica e tres doses de cereais com leite em po e Nestum. Nestes 8 dias passei por varias provacoes, como alguma fome, muito frio e as interrogacoes diarias do tipo "e agora?!".
Pois bem, descobri ate agora que, por mais dura que seja a provacao, posso sempre escolher sorrir e procurar a solucao descontraidamente. O que sinto, no fundo, e uma grande paz e a certeza, no fundo, de que a vida e bela!

Olhem para a casinha da foto: mesmo com a neve e frio extremo a sua volta, quem esta la esta quente e confortavel, e porque? Porque ao fazer a casa a preparou para as maiores intemperies! Pois bem, eu sinto-me como os habitantes da casa: pode estar tudo mal, posso estar a morrer de frio ou fome, posso nao saber onde vou dormir ou sequer se terei um sitio limpo e seco para o fazer, mas na minha mente eu estou bem! Foi isso que me trouxe ate aqui, e isso que me permite sentir, sempre, que a vida e bela! Como dizem os americanos, your mindset is everything (o teu estado de espirito e tudo)... Va la, avida e bela!!

Agora vamos la voltar para Portugal (como ainda nao sei, mas sei que vou conseguir!).
Ate a proxima paragerm!!

NOTA: desculpem os erros e acentos, mas estou a usar umteclado belga, sistema AZERTY... e o melhor que consigo!!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

A fragilidade do que temos como garantido!

Foi assim o fim da primeira de 3 refeicoes de Nestum... foi a primeira vez na minha vida que senti que podia ficar sem comida, na verdadeira e total acepcao da palavra... foi uma sensacao muito estranha. A ideia original do projecto era atirar-me para fora da zona de conforto... Done!
No extremo oposto, conseguem imaginar a alegria que foi receber uma refeicao das maos da hospedeira da SAS?! Subitamente aquele pacote nao era um reles pequeno-almoco de aviao, era uma sublime oportunidade de comer uma refeicao completa, coisa que poderia nao acontecer tao cedo!
 
Acreditem em mim: a nossa vida esta cheia de coisas boas as quais nao damos NENHUM valor... Agradecamos as coisas que temos diariamente, so porque as temos... isso e um privilegio enorme, sem que o saibamos somos abastados!
 
Amanha voltarei a escrever, assim tenha oportunidade. Ha mais descobertas para partilhar!
O prometido e devido (desculpem os acentos, mas o teclado nao da para mais).

A biblioteca da universidade quando cheguei, algures entre -10 e -15 graus Celsius

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Ja ca estou!!

Bom dia!!

Cheguei hoje de manha a Skelleftea, ainda nao consegui um pc que permita fazer upload das fotos mas aqui fica uma amostra (com muito menos neve do que esta agora!!) do local onde estou, a Universidade. A senhora simpatica da recepcäao, cujo nome nao consigo pronunciar, deixou-me usar este pc.

Estou a procura do meu pouso para a noite, e a preparar-me para mais uma trade GELADA (-17graus, acho eu)... Isso e a habituar-me a este teclado (ö ä å µ ¤ e outras coisas) !!

Anseio por umm banho e uma sopa de caldo verde, mas de resto estou muito bem.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Fazer a mala prá Ryanair é exigente!

Estou a juntar as coisas que levarei, e dei de caras com as restrições da Ryanair... É justo, assumindo que o preço é o de umas calças!!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

E agora...

Está na hora da caminha!!

Último dia!! Vamos lá participar!!

Chegámos ao último dia do período de captação do Pé Descalço, é agora ou nunca!

Participem com uma pequena migalha (ou o pão todo!) em www.massivemov.com/pedescalco

Muito obrigado a todos os que tornaram possível este projecto!!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Açores 2009 - parte II

Lembro-me da brisa na cara, lembro de ver os Capelinhos do mar, lembro de tentar imaginar o que teria sido a erupção, e lembro-me de ver o Faial desvanecer-se à distância. Cerca de 8 horas seriam passadas no mar, a caminho da bel ilha das Flores, 8 horas que usei para por a leitura em dia. Joe Girard, já ouviram falar? O melhor vendedor de automóveis do mundo, segundo o Guiness, mestre de vender e servir como poucos que li. Uma travessia, um livro... e nova ilha à vista!

Flores, travessia da ilha
A ilha das Flores, assim conhecida pela beleza das suas... pois, flores, foi o nosso abrigo durante os dias seguintes. 
Começámos pela volta à ilha, típico hábito nosso, e continuámos com algum tempo passado com alguns amigos da faculdade, que tão gentilmente nos deram guarida! Mas o que nos deixou maravilhados (e "desfeitos") foi a travessia a pé da ilha.
Saímos de manhã da ponta norte da ilha, rumo ao Lajedo, uma aldeia já no sul, onde nos aguardavam as festas do sítio e uma jantarada (incluindo inhame!). Pelo caminho fomos desfrutando da paisagem pejada de flores, cascatas e falésias de uma beleza especial e rara, sempre com o Atlântico como pano de fundo. Após o almoço as coisas ficaram mais duras, primeiro com uma subida a pique à saída da Fajãzinha, depois com uma das botas da Sofia a perder a sola, o que nos obrigou a arrastar o resto do caminho a metade da velocidade, ainda assim por paisagens magníficas! E no final o tal inhame e muita comidinha excelente para retemperar energias!

Voltando do Corvo (ao fundo)
O passo seguinte foi uma visita ao Corvo, a ilha mais pequena do arquipélago, com cerca de 6 km's de diâmetro, menos de 400 pessoas, uma só povoação e uma pista de aviação ladeada por duas rectas onde os aceleras da ilha exercitam a arte de andar mais de 500m a fundo!!! 
Foi uma visita simpática: demos a volta à aldeia em menos de 2 horas, almoçámos no restaurante (o que havia, porque aqui só se recebe fornecimento de vez em quando) e acabámos por ficar pleas barracas... da festa, pois claro!, onde conhecemos outra continental com quem fizemos o resto do "tour". Já à tarde alguém (sim, um dos locais que encontrámos!) nos deu boleia até à caldeira, onde vimos o que o nevoeiro permitiu. Na viagem de regresso percebemos que cartas de condução, sinais, regras de trânsito... pois, coisas de ilhas maiores, aqui não fazem sentido!

Voltando à ilhas da Flores foi tempo de refazer a mala e voltar para mais perto do cont'nente, mais especificamente S. Miguel, que nos esperavam mais aventuras. Para isso usámos os novos aviões "grandes" 8na visão da velhinha do Pico, que se queixava do medo de eles lhe aterrarem no quintal um destes dias!), um Bombardier Q200 de 30 e picos passageiros "novo" da SATA.

E assim deixámos para trás mais uma etapa desta fabulosa aventura, neste caso com balanço mínimo (de novo): carro baratinho primeiro, emprestado depois, casa emprestada, comida quase toda paga... trataram-nos MUITO bem! Obrigado, Gabriel!!

Quanto a nós, S. Miguel ficará para outro dia.
Até amanhã, o último dia!!